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Conheça a história do haitiano Jonathan Solon, da comissão técnica do Pérolas

“O Pérolas é a minha vida inteira. Estou vivendo um sonho de infância: conhecer o Brasil, país que amo. Não tem coisa melhor do que viver seu sonho e ainda em um clube de futebol. Antes do Pérolas Negras eu não tive nenhuma oportunidade, não era ninguém. Fico muito feliz por essa chance”, conta, emocionado, o haitiano Jonathan Solon, que está na Academia Pérolas Negras desde a sua criação, em 2009. 

A Academia Pérolas Negras nasceu no Haiti, a partir de uma missão de paz da ONU, com o compromisso de dar oportunidades para jovens em vulnerabilidade social através do esporte atrelado à educação e, assim, contribuir para mudar suas realidades. Anos mais tarde, em 2016, a APN chega ao Brasil. 

Na semana em que se comemora o Dia do Imigrante (25 de junho), conheça a história de Jonathan Solon, de 27 anos, nascido em Petion Ville, em Porto Príncipe, capital do Haiti. Ele faz parte do Pérolas Negras desde o começo do projeto, quando entrou ainda adolescente com o sonho de ser um jogador de futebol. Através do clube, teve a chance de vir para o Brasil buscar melhores condições de vida para ele e sua família. Atualmente faz parte da comissão técnica, como coordenador do time profissional. 

“Fugi da escola para participar da peneira lá no Haiti. Eu tinha que ir, era meu sonho. O Pérolas foi ao meu país dar oportunidade para os jovens e eu aproveitei. Passei na peneira e comecei a treinar. Revivi meu sonho de conhecer o Brasil e o famoso Estádio do Maracanã. Em 2013 tive a oportunidade de integrar a comissão técnica e a agarrei”, relembra Solon. 

Ainda no Haiti, Solon foi treinador de equipes Sub-13, Sub-14 e feminina. Em 2016, o Pérolas Negras veio para o Brasil e o sonho do haitiano se tornou realidade. Ele foi convidado a migrar para o país e continuar trabalhando no clube. “Quando cheguei ao Brasil fui roupeiro e me dediquei muito. Depois me tornei coordenador da rouparia e comecei a crescer dentro do Pérolas, onde hoje sou supervisor”, conta. 

Sua esposa e filhos chegaram ao Brasil um ano mais tarde. Solon conta que seus filhos, ainda crianças, já sabem a importância da Academia Pérolas Negras em sua vida. “Tenho três filhos e eles sabem tudo sobre o Pérolas Negras. Eles vivem esse sonho comigo. Minha família também se beneficiou dessa oportunidade. Posso sustentar minha família no Brasil e ainda ajudar meus pais que estão no Haiti”, relata. 

Mas, para Jonathan Solon, seu sonho só estará completo quando trouxer os pais para o Brasil: “Até hoje meus pais sofrem muitas dificuldades no Haiti. Quero tirá-los desse  sofrimento e creio que vou conseguir. Eles merecem uma vida melhor. Meu pai foi quem me ajudou a fazer o primeiro passaporte para que eu pudesse viajar com o Pérolas. Minha maior realização na vida vai ser trazê-los para o Brasil”. 

Sobre o trabalho realizado pela Academia Pérolas Negras, o supervisor de futebol enfatiza que as oportunidades oferecidas são muito amplas. “O trabalho do Pérolas com imigrantes e refugiados faz com que se sintam em casa e sonhem todos os dias em ser melhores. Ainda que não seja um jogador de futebol, o jovem pode ser preparador físico, treinador, supervisor, ou outro cargo. É o melhor trabalho que já vi”, finaliza Solon.